segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Exposição Anitta Mafalti


Em 1916, Anita se encontrava de novo em casa, no aconchego familiar... "Eram caixões de obras de arte, desenhos, gravuras e quadros de todos os tamanhos.Minha família e meus amigos estavam curiosos para ver meus trabalhos.Mas que efeito!"Anita Malfatti.






Nada daquilo que Anita trazia dos Estados Unidos, se assemelhava à " pintura suave", nada daquilo esperado e imaginado por seus amigos e parentes. Sua força masculina, que causara estranheza na sua primeira individual em 1914, atingira o ponto máximo de exagero. Anita inconscientemente, "rompera" com as regras da pintura acadêmica tão apreciada por seus parentes. A surpresa e a incompreensão foram inevitáveis. As obras que a pintora trouxe dos Estados Unidos, deixaram em sua família uma sensação tão grotesca, que o mal estar durou por anos. É fato que o assunto tornou-se "tabu" entre os membros da família e Anita diria depois laconicamente:"Quando viram minhas telas, todos acharam-nas feias, dantescas, e todos ficaram tristes, não eram os santinhos dos colégios. Guardei as telas."





Depois, seria mais específica, dizendo:"Ficaram desapontados e tristes. Meu tio, Dr. Jorge Krug, que tanto interesse teve na minha educação, ficou muito aborrecido. Disse ele:'Isto não é pintura, são coisas dantescas'" A expressão " coisas dantescas", ficaria para sempre gravada na mente e no coração de Anita. A incompreensão foi geral. Anita logo se deu conta do quanto suas telas, que traduziam sua alma, estavam distantes das do ambiente acadêmico que a rodeava. No mesmo depoimento de 1951, a pintora lembraria:"Então, pela primeira vez em minha vida, comecei a entristecer-me pois estava certa de que meu trabalho era bom; tanto os modernos franceses como os americanos haviam dito espontaneamente, desinteressadamente. Só desejei esconder meus quadros, já que, para me consolar, ou outros acharam que eu podia pintar como quisesse. Eles estavam desconsolados, porque me queriam bem. Entretanto eu sabia que aquela crítica não tinha fundamento, especialmente porque estava dentro de um regime completamente emocional. Eu nunca havia imitado a ninguém; só esperava com alegria que surgisse, dentro da forma e da cor aparente a mudança; eu pintava num diapasão diferente e era essa música da cor que me confortava e enriquecia minha vida." Anita Malfatti.




Data : 25de julho / 02 de agosto , a Exposição fica no CCBB até Outubro de 2010.

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