quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Eternidade



Levantei a cabeça e aos poucos o campo de visão foi expandindo. Via a areia grosseira, flocos de rocha semelhantes a açúcar mascavo, em cor, tamanho e textura, não apenas tão monótonamente marrom, mas tinha lá suas nuances. Os olhos foram inundados pela espuma cristalina e casada com a água pura e refrescante. O mar secou-se dando lugar a uma gigantesca onda. Um grande tubo, espesso e macio. De um pulo subi acima da onda. Veio a segunda e a terceira; sobressaí-me às duas. Na quarta tentativa, alcei vôo. Subi, subi... Vi o mar e toda sua grandeza, seu azul profundo e escuro, como se não houvesse sol capaz de amainar o filosofal azul do mar.
A dureza da realidade da vida é amolecida no “banho-maria” dos sentimentos;deixamos os pesares lá, sorvidos em licoroso processo de sublimação.Encontramos e desencontramos, no ir e vir das ondas, outras faces, outras vozes,tantas outras coisas as quais o oceano se nos retirou e agora nos entrega nas mãos beijadas e calejadas de rogar em prece pelo vir do que se foi.
Pode-se tudo quanto nada se tem; pede-se tudo quando o tudo é quase nada; nada se pode, quando tudo se pôde e nada se fez.
É imprescindível desprender-se da prisão provisória prevista pelos postos da despaciência de se pedir e, pedindo, receber o inesperado, até mesmo quando o pedido apodrecer em nossos poços.Mergulhei...
Postado por Gustave Rudah - Luckanos às 11/12/2008 01:46:00 PM 0 comentários
9.20.2008
E todo esse vazio
Etoda essa sede
E toda essa loucura
E toda essa ansiedade
E todo esse meu medo
E toda essa intrepidez
E todo esse bem-querer
E toda nossa história
E toda nossa vida
E todo nosso amor
E tudo que é o nosso todo
E tudo que a gente faz
E tudo que se faz com a gente
E tudo que não se pensa em fazer
E tudo que um dia nos foi um nada
E todo nada que hoje é tudo
E aquele choro quente
E aquela alegria fria
E aquele soluço contido
E aquele grito solto
Aquela gargalhada gostosa
Aquele calor nas entranhas
Aquela vontade de sumir
E aquilo que nos fizeram estudar
E aqueles livros que não lemos
E aqueles artigos que escrevemos
E aquelas discussões no barzinho
E aqueles porres no colégio
E aquela aula cabulada
E aquilo que só você achava que pudesse fazer
E aquilo que ninguém pensava ser capaz de acontecer
Tudo aquilo
Nada daquilo
Algo mais que isso
Só vale se for por um motivo maior que só viver
Só vale se for eterno
Só vale se for grande
Só vale se for infindo
Só vale ser, aquilo que já é aí dentro
Aquilo que bate à porta
Aquilo que invade à janela
Aquilo que derruba os muros
Aquilo que destrói tudo
Para ser
Para estar
Para viver
Mesmo que ninguém ouça
Mesmo que achem besteira
Mesmo que pensem ser loucura
Mesmo que não te entendam
Mesmo que mesmo assim continue sendo o mesmo que sempre foi
Sinapse
Axônio
Pensamento
Acontecimento
Eternidade

Nenhum comentário: